terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um macaquito chamado Veludo



No coração de África, não muito longe de uma estrada de terra bem batida, há um pequeno lago. É, na realidade, mais uma lagoa do que um lago. Esta lagoa tornou-se um bebedouro para a vida selvagem que vive naquela  área. Aqui vivem alguns peixes, por vezes um crocodilo ou dois, e ocasionalmente, um pequeno grupo de hipopótamos que ali encontra alívio do sol escaldante Africano.  
  
  
A área à volta do lago serve de lar temporário para manadas de impalas e para um pequeno grupo de macacos-vervet, por vezes também chamados de macacos-verdes. Todos os dias os macacos se reúnem em torno do lago para apanhar insetos ou colher sementes e rebentos de erva que eles gostam de comer. E também bebem a água da lagoa.
 
   
Entre os macacos jovens do grupo um cujo rosto é particularmente macio. Os seus amigos chamam-lhe Bochechas de Veludo. Alguns chamam-no de Veludo. Outros chamam-lhe de Bochechas, mas ele não gosta que lhe chamem de Bochechas. Ele prefere ser chamado de Veludo. É assim que sua mãe o chama. Ele gosta assim.

Faz muito calor neste dia em particular. Ainda estamos no início da manhã mas o sol já está muito quente. Veludo tem sede. Ele pensa na água doce da lagoa, mas decide não ir até à beira da lagoa beber. A lagoa é conhecida por ter crocodilos e ele não vai correr nenhum risco. Ele decide, então lamber as gotas de água suspensas nas folhas das ervas que crescem por ali. Esta água é muito fresca e limpa. Foi deixada nas folhas das ervas pelas fortes chuvas da noite anterior.

E assim Veludo satisfaz a sua sede lambendo a água da chuva das folhas das ervas. A certa altura ele percebe que um dos seus amigos se aproxima dele e decide sentar-se atrás dele perto de sua cauda. Veludo conhece este outro macaquito. Ele é seu amigo e não se importa. Está entretido a beber as gotas de água que lhe matam a sede. Num gesto calmo o seu amigo pega na ponta da cauda do Veludo e com ternura começa a alisar com os dedos os seus pelos macios. Veludo sente-se bem com estes gestos de ternura e confiança.

Então, de repente, o seu amigo leva a ponta da cauda do Veludo à boca e dá-lhe uma dentada. Não foi uma mordidela feroz, mas foi uma boa mordidela mesmo assim. Veludo assuta-se, grita e pula no ar libertando a sua cauda dos dentes e unhas do seu amigo. Ele aterra bem na frente do seu amigo que decide fugir, porque imagina que o Veludo o queira morder de volta.

Veludo persegue o amigo à volta da lagoa até ao outro lado e de volta outra vez. Está mesmo disposto a dar ao seu amigo uma boa mordidela de volta, mas não consegue apanhá-lo. No final desta correria toda eles estão de volta ao ponto de partida. Ambos estão cansados ​​e ambos estão agora com muito mais sede. Eles resolvem sentar-se pacificamente entre as ervas, não muito longe um do outro,  e começam a matar a sede lambendo as gotas frescas de água que foram deixadas nas folhas tenras das ervas pelas fortes chuvas da noite anterior.

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